sábado, 29 de setembro de 2012

Grey's Anatomy.

 
“Há um motivo para eu dizer que seria mais feliz sozinha. Não foi porque eu pensei que seria mais feliz sozinha. Foi porque eu pensei que se eu amasse alguém e depois acabasse, talvez eu não conseguiria sobreviver. É mais fácil ficar sozinho porque, e se você descobrir que precisa de amor? E depois você não o tem. E se você gostar? E depender desse amor? E se você modelar sua vida em torno dele? E então ele acaba… Você consegue sobreviver a essa dor? Perder um amor é como perder um órgão. É como morrer. A única diferença é que a morte termina. Isso… pode continuar para sempre.”

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Atalhos:

Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar... Aí, mais tarde, demora pra entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos. Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo amor. Já adultos, demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo, demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 28 anos. 33. Ou 41. Talvez 48. Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado.
Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho do gol. Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra todo o resto é melhor atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.
- Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.
- O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.
- A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.
Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para tomar um cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência para aquilo que vale nossa dedicação. Pra enrolação, atalho. O menor possível. 
Martha Medeiros

sábado, 22 de setembro de 2012

(Por Charles Bukowski)

Eu era pobre e ficaria pobre. Mas eu não queria particularmente dinheiro. Eu sequer sabia o que desejava. Sim, eu sabia. Queria algum lugar para me esconder, um lugar em que ninguém tivesse que fazer nada. O pensamento de ser alguém na vida não apenas me apavorava mas também me deixava enojado. Pensar em ser um advogado ou um professor ou um engenheiro, qualquer coisa desse tipo, parecia-me impossível. Casar, ter filhos, ficar preso a uma estrutura familiar. Ir e retornar de um local de trabalho todos os dias. Era impossível. Fazer coisas, coisas simples, participar de pique-niques em família, festas de Natal, 4 de Julho, Dia do Trabalho, Dia das Mães..., afinal, é para isso que nasce um homem, para enfrentar essas coisas até o dia de sua morte? Preferia ser um lavador de pratos, retornar para a solidão de um cubículo e beber até dormir.

O que me cansa é as pessoas te dizendo como você vai viver (...)

Eu quero mais. E ultimamente ando com desejos antigos, de quando tinha uns treze anos e imaginava a minha adolescência super agitada, movida a muito álcool, experimentando de tudo: uma bebida verde maluca com cheiro estranho, tô dentro; sair de casa de madrugada numa caminhonete velha com um monte de gente estranha, tô dentro; beijar pessoas desconhecidas e fazer coisas obscenas num lugar estranho, tô dentro. A idéia era: experimentar. Viver, sabe, ter histórias (nem sempre de bom exemplo) para contar. Não queria de forma nenhuma dizer aos meu netos como tive uma vida pacífica, como encontrei no avô deles o amor da minha vida, casei virgem, e Jesus é o Senhor. Queria alguma coisa emocionante, como dizer que conheci um cara no show do Pearl Jam, que era definitivamente o amor da minha vida, e nós bebemos absinto até enjoar, beijamos muitas outras pessoas, porém um dia ele foi embora, eu não tinha o que fazer fui trabalhar, conhecer Nova Iorque, o lugar onde conheci o avô deles, que era completamente grunge e maluco, e decidimos nos casar para passar o tédio. Isso, claro, quando eu tinha treze anos.
Os quatro anos seguintes foram bem monótonos vendo por esse ponto de vista. Eu estudei, parei de beber, abandonei o pouco de drogas que conhecia. Me tornei gente. E comecei a fazer as coisas que achava que nunca faria: arranjei um namorado, esqueci o amor platônico, perdoei erros alheios, falei e dancei em público na escola, voltei a dançar balé, traí, criei uma certa antipatia pelas pessoas da cidade (ok, essa eu imaginei que acontecesse), passei a ter uma relação de amor com meu cabelo. Houve dias em que eu parava no espelho e me perguntava: quem é você?
E foi então que eu percebi que podia mais. Que a guria de treze anos que iria obviamente morrer de overdose ou DST antes dos vinte, já havia morrido há muito tempo. Eu ainda queria "experimentar" ao máximo, mas de uma forma diferente. Eu percebi que sempre colocava na cabeça que não podia uma coisa, ia lá e me provava o contrário. Às vezes coisas imorais e erradas, mas, quem se importa? Aparentemente o tempo de errar era esse. Quando se é adulto, todos os erros refletem em todas as áreas da sua vida, e você vive em função de dor de cabeça e encheção de lingüiça. Eu queria mais, mas de uma forma bem amena.
Eu ainda quero mais. A desculpa agora virou clichê: eu tenho 17 anos, e a vida está só começando. E se eu morrer amanhã? Existem tantas milhares de coisas ainda a se fazer. Plantar uma árvore, ter um filho, desfilar numa parada gay, beber absinto, sair de casa, escrever um livro, fazer uma viagem completamente sem dinheiro só com a mochila nas costas, muito sexo, uns dreadlocks no cabelo, encontrar um lugar no corpo para tatuar, tatuar, colocar mais brincos nas orelhas, ajudar na busca pela paz mundial, ajudar os famintos na África, protestar por qualquer só porque protestar é legal, conhecer o Damien Rice, ir a um show do Pearl Jam, conhecer Nova Iorque, fazer um "high-five" com o Dalai-Lama, morar uma comunidade hippie auto-suficiente, encontrar o nirvana (não o Kurt Cobain)...
Agora, me diga: como diabos eu faria qualquer coisa dessas presa numa vidinha bosta, num emprego bosta que não me satisfaz, com filhos chatos e metido que se acham super fodas mas são uns bostas, achando super normal porque a vida bosta é o que toda pessoa integrada na sociedade procura, a instabilidada bosta!
Desculpa, mas isso não entra na minha cabeça. E se eu não quiser? E se ao invéz de um marido, eu queira dois, e viva muito bem com isso? E se eu quiser raspar a cabeça e virar homem? Acho que o que me cansa é as pessoas te dizendo como você vai viver. Você vai estudar muito, vai para a faculdade, vai fazer muitos cursos, ai vai trabalhar duro para comprar umas coisinhas fúteis que não vão adicionar nada na sua vida, mas vão agradar e impressionar as visitas, ai você vai se multiplicar, tratar seus filhos como se fossem acordos comerciais, em caso de dúvida, deixe-os assistir bastante tevê, hoje as crianças se criam sozinhas mesmo...
Eu quero mais. Odeio toda essa burocracia sobre como vamos tomar conta de nossas vidas, e como as outras pessoas fecham a cara para tudo isso.
Eu quero muito, muito mais. Eu quero viver minha vida do meu jeito, e se eu me foder, que as pessoas estejam pouco se fodendo para isso.

Tempo de renovação...

Dia 1 de outubro: nova fase! Pelo menos é o que eu pretendo fazer... mudar, tudo, me mudar. Quero renovar, quero mesmo, e eu queria muito começar no início do mês, de algum mês, mas tava só enrolando. O bom é que cai na segunda e nossa, pra quem odeia iniciar as coisas na segunda e agora ta mais feliz que nunca é um ótimo sinal! Quero começar a fazer exercícios, me alimentar certinho, começar a cuidar mais de mim. Quero até começar a escrever mais aqui (eu falo isso sempre MAS, nunca faço isso), é que eu sinto mesmo vontade de escrever mais... enfim. Quero mesmo me dedicar mais à mim mesma. Época de renovação, vamos lá!

Beijos, kássia.